Adriano Gonçalves
Não é o caso de Adriano Gonçalves, que desde o início de sua carreira construiu seu próprio mundo a partir de uma idéia que rapidamente se tornou sua marca e logo foi incorporada ao seu estilo.
O tema central de seu trabalho são as noivas. Seu diferencial está tanto na escolha das locações, geralmente inusitadas, quanto na direção das expressões e poses incomuns de suas modelos, repletas de teatralidade e mistério. Devemos lembrar que se trata de modelos profissionais, mesmo assim Adriano consegue através de sua sensibilidade, envolvê-las em um mundo lúdico, que confere às imagens resultados de grande beleza plástica e expressividade.
O fotógrafo que se tornou artista, teve sua vida marcada por acontecimentos que contribuíram para a formação do seu caráter, ainda na infância foi vendedor de picolé, perdeu seu pai aos 16 anos e teve que trabalhar como gari em sua adolescência. Em 1997, aos 18 anos, foi morar em Brasília para se alistar no serviço militar.
Obra do acaso ou não, acabou dispensado do Exército, indo depois procurar emprego em um laboratório de revelações fotográficas, onde tudo começou.
Apesar da vasta experiência como fotógrafo, a pintura foi sua grande fonte de inspiração, de onde retirou as referências para desenvolver seu tema preferido e chegar aos resultados visuais encontrados em suas fotografias.
As imagens de Adriano refletem uma sensibilidade característica da produção dos grandes pintores de formação clássica, que davam especial atenção a cada detalhe na composição e na luz.
Sua fotografia nos remete imediatamente às obras dos pintores do Barroco e do Romantismo. Esse eco temporal estético, apesar de ser muito marcante, não liga sua obra fotográfica ao passado, pois estamos diante de temática, ângulos e composições que não eram usuais na pintura destes períodos históricos. Somente no século XIX, já sob a influência da fotografia com os conhecidos instantâneos, encontramos nas obras de alguns pintores, ângulos mais arrojados e fora dos padrões clássicos de composição.
Este olhar de fotógrafo que busca ângulos específicos visando produzir composições únicas repletas de poética e sensualidade, tornou-se marca registrada em seu trabalho.
Suas referências estão nos mestres da pintura que trabalharam de forma dramática a luz em suas obras, contrapondo extremos entre claro e escuro.
Michelângelo, Caravaggio e Rembrandt são referências recorrentes por transmitirem em suas obras uma pulsão psicológica, que passa a sensação de que a luz que ilumina seus personagens emerge deles mesmos, num verdadeiro mistério natural.
As semelhanças entre as fotografias de Adriano e as obras dos grandes pintores do Barroco e do Romantismo, não estão apenas nas questões plásticas, mas sim, principalmente na imaginação e na verdade com que se relaciona com o tema central de seu trabalho.
Quando essa verdade é colocada no trabalho de arte, ela traz consigo toda uma fisiologia plástica, algo único e pessoal, também conhecido como estilo.
Suas fotos são imediatamente reconhecidas por todo brasileiro que trabalha como fotógrafo de casamento, tanto no Brasil, quanto no exterior. Isso fez com que se tornasse um dos fotógrafos mais versáteis do país, sempre em busca da essência da imagem que transforma sonhos em poesias.
Seu trabalho ganhou status de arte, quando passou a expor em diversas galerias no Brasil incluindo as galerias do Metrô de São Paulo, Assembléia Legislativa de Florianópolis e a Bienal de artes de Brasília, sagrando-se o primeiro e talvez o único fotógrafo brasileiro a expor fotografias de casamento retratando noivas reais em galerias para serem apreciadas como obra de arte.
Após tornar-se referência para fotógrafos de todo o pais, Adriano lançou dois DVD’s intitulados “A magia da luz”, onde partilha com outros fotógrafos o segredo de sua arte, e está sempre presente nos principais congressos fotográficos do Brasil, ministrando palestras e workshops.
Sua arte ganhou o mundo, foi o primeiro brasileiro a ministrar um Workshop de fotografia de casamento no Japão, onde voltou recentemente para uma nova edição de sua palestra seguida de Workshop.
O prazer em fazer o que se gosta é visível a todo instante no trabalho do fotógrafo, tanto falando a respeito, quanto principalmente, fotografando.